
No DOC Orvieto, uma mutação local da Trebbiano chamada Procanico é mesclada com porcentagens variadas de Grechetto, Verdello, Drupeggio (Canaiolo Bianco) e Malvasia. O estilo básico é leve e seco, com um delicado sabor de amêndoas. A área de produção, que se estende até Lácio, é grande e vale a pena optar pelos vinhos classico dos melhores locais nas encostas de colinas de até 500m, ao sul da espetacular catedral da cidade. Aqui, argilas calcárias ricas em fósseis dão mais corpo e intensidade aos vinhos. A umidade que se desprende no outono dos lagos e do rio nas cercanias da cidade cria condições ideais para vinhos de sobremesa feitos das mesmas uvas que as versões secas. Um número crescente de produtores está voltando a suas raízes - historicamente o Orvieto era doce e não seco-, fazendo vinhos neste estilo. As quantidades são mínimas, mas os vinhos de sobremesa, com a menção dolce, vale a pena.
O povoado de Torgiano, ao sul de Perugia, elabora vinhos brancos DOC de Trebbiano e Grechetto, um tinto DOC de Sangiovese-Canaiolo e, das mesmas uvas, um tinto riserva com status DOCG. Os vinhedos ficam em solos calcários arenosos a altitudes de 200 a 300m. Os brancos e os tintos são secos e meio-corpo. O Torgiano Bianco DOC tem toques de melão e damasco, ao passo que o Torgiano Rosso DOC, com aromas de cereja e violeta, é designado para consumo imediato. Por outro lado, o Torgiano Rosso Riserva DOCG amadurece três anos em madeira. Ele tem o típico tom granada dos riserva elaborados com Sangiovese, muito tanino e complexos aromas florais e de especiarias. Durante décadas o único viticultor a engarrafar os vinhos Torgiano era Lungarotti.
A cidade de Montefalco dá seu nome a uma combinação de tinto DOC (60-70% Sangiovese, 10-15% Sagrantino e algumas outras cepas) e a um vinho varietal DOCG feito de Sagrantino. Os vinhedos ficam em declives quentes e secos, com solos predominantemente argilosos na mesma altitude que Torgiano, ao norte. O potente Montefalco Rosso DOC é um vinho com sabores fortes que muitas vezes é suavizado com um pouco de Merlot. Em um nível superior, há o encorpado Rosso Riserva com passagem em madeira.
No entanto, o grande astro é o potente Sagrantino di Montefalco DOCG. Sagrantino é uma variedade de uva cultivada apenas nesta parte da Úmbria. Tradicionalmente, as uvas eram secadas visando à produção do vinho doce passito (que ainda existe), com uma vaga semelhança com o Recioto di Valpolicella. A produção do Sagrantino seco cresceu na década de 1990, graças ao inovador Arnaldo Caprai. Trata-se de um vinho com fortes toques de amora-preta e maçã, rico em taninos, que requer amadurecimento de três a quatro anos. A produção anual não chega a alcançar as 500 mil garrafas, mas deve aumentar rapidamente, já que importantes viticultores que se instalaram na área - incluindo Cecchi, Antinori e Frescobaldi - lançarão em breve suas primeiras produções do ótimo Sagrantino.
A região também tem uma meia dúzia de DOCs menos conhecidas, das quais a mais interessante é a Colli del Trasimeno, que produz tintos modernos e frutados com Sangiovese. Uma curiosidade das colinas em torno do lago Trasimeno é o uso da uva tinta Gamay (em geral associada ao Beaujolais) como corte ou ocasionalmente como varietal. Outras variedades francesas entram na denominação IGT Umbria. Assim como com todas as IGTs, o rótulo pode especificar a uva ou não. A Chardonnay tem um certo número de adeptos, ao passo que a Sauvignon Blanc é usada na região de Orvieto para produzir vinhos doces inspirados no famoso Sauternes, de Bordeaux, mas Cabernet Sauvignon e Merlot são as grandes intrusas - como varietais, em cortes bordaleses ou mescladas com Sangiovese.
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